terça-feira, 7 de julho de 2009

Amor com agradecimento e fidelidade


"Por que será que o amor é imensamente mais rico do que qualquer outra possibilidade humana?
Porque se mostra, aos que são tocados por ele, como um doce fardo? Porque nos transformamos naquilo que amamos sem deixarmos de ser nós mesmos. Gostaríamos, então, de agradecer á pessoa amada e não encontramos nada que seja suficiente para tanto. Só podemos agradecer através de nós mesmos. O amor transforma o agradecimento em fidelidade para conosco e em crença incondicional no outro. Dessa forma, o amor intensifica constantemente o seu segredo mais peculiar.

A proximidade implica aqui a maior distância diante do outro. Essa distância não deixa nada desaparecer, mas nos lança ao seio da simples presença de uma revelação transparente, apesar de incompreensível. O coração nunca está em condições de dominar o despontar repentino do outro em nossa vida. Um destino humano entrega-se a um destino humano, e o ofício do amor puro/casto é manter desperta essa entrega exatamente como no primeiro dia."


Trecho de uma carta de Martin Heidegger a Hannah Arendt, 21/02/1925

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