quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011


POEMA DO DEUS DIVINO



de Alziro Zarur



O Deus que é a Perfeição, e que ora eu tento

Cantar em Versos de sinceridade,

Eu nunca O vi, como em nenhum momento

Vi eu o vento ou a eletricidade.



Mas esse Deus, que é o meu eterno alento,

Deus de Amor, de Justiça e de Bondade,

Eu, que o não vejo, eu o sinto de verdade,

Como à eletricidade, como ao vento.



E o sinto na ânsia purificadora,

Na manifestação renovadora

Do Belo, da Pureza, da Afeição.



Com Ele falo em preces inefáveis,

Envolto em vibrações inenarráveis,

Que me trazem clarões da Perfeição.



Pois creio é nesse Deus imarcescível

Que ampara a Humanidade imperfeitíssima:

Deus de uma Perfeição inacessível

À humana indagação falibilíssima.



Bondade — que os pecados não consomem —

Do Espirito Divino aos filhos seus:

Deus sempre desce até seu filho, o homem,

Quando o homem sobe até seu Pai, que é Deus!



Pois creio é nesse Deus imarcescível

Que ampara a Humanidade imperfeitíssima:

Deus de uma Perfeição inacessível

À humana indagação falibilíssima.

(Poema extraído de um panfleto distribuído pelo Templo da Boa Vontade - José de Paiva neto)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011


O LAMPEJO


A IDÉIA DE REVELAÇÃO


Como sabemos o que sabemos? Pela razão, sentidos, percepção, revelação ou lembrança? E quanto aos fatos que parecem não se enquadrar nesses métodos? Santo Agostinho tinha uma resposta convincente.

As experiências místicas tendem a ser banais para aqueles que não as vivenciaram. Por isso ás idéias dos místicos não são enunciadas neste livro. Mas Santo Agostinho não era místico. Sua idéia daquilo que é chamado de ‘revelação’ não implica nenhuma experiência extraordinária e se traduz na admissão de que é pela compreensão mental que podemos atingir o conhecimento que ultrapassa a razão ou os sentidos – as idéias. Santo Agostinho acreditava que Deus coloca as idéias em nossa mente. Essas idéias abrangem os axiomas matemáticos ou a existência de idéias como a beleza ou a bondade, ou mesmo a existência de Deus.

O santo descreveu a revelação como validação, ocorrendo “ no âmago de meus pensamentos, sem ajuda da boca ou da língua ou qualquer som silábico “. Isso indica à maneira como ele teve a idéia. Sua colocação aponta para um aprofundamento de autopercepção induzido pelo hábito da leitura silenciosa – uma pratica então considerada rara e misteriosa. A personalidade do santo também ajudou a moldar esse raciocínio.

Como tantas outras pessoas geniais, santo Agostinho era seletivo e humilde , e considerava inadequado compreender sem ajuda os mistérios da vida. Sendo assim, o que era ininteligível para sua própria capacidade metal tinha de ser iluminado por lampejos de Deus.
Platão tinha uma teoria semelhante: afirmava que o conhecimento é inato e que nos tornamos cientes dele pela rememoração.
A finalidade da instrução é, portanto, levar-nos a lembrar o que sabemos.
Na verdade, essa parece ter sido uma idéia grega para ‘verdade’ é aletheia – “coisas não esquecidas.

Mas afirmar que recuperamos o conhecimento a partir de nosso próprio âmago, por meio de nosso próprio esforço, é algo muito diferente de confir ans impressões vindas d fora. Sem pretender fazê-lo, santo Agostinho criou uma licença intelectual para que os místicos representassem seus delírios como revelações.

Esse foi um problema sério para o cristianismo. Tanto quanto a razão, a experiência, as escrituras e a tradição, havia outra forma de adquirir conhecimento – o canal exclusivo de cada indivíduo, entre ele mesmo e Deus. O misticismo fora praticado pelos cristãos desde a época dos apóstolos – são Paulo descreveu o que lhe pareceu serem experiências místicas. Mas o propósito dos transportes místicos sempre fora conseguir a sensação de união com Deus, uma auto-identificação emocional com a natureza amorosa divina. A idéia de santo Agostinho tornou possível receber mensagens explícitas que podiam entrar em conflito com a Igreja. Esta teve de policiar o misticismo; o ocidental podia ser uma questão de meditação, e o “misticismo da natureza” nunca ganhou o respeito intelectual.

“Observei que a sabedoria é mais proveitosa do que a insensatez, assim como a luz é mais que as trevas.” Eclesiastes 2,13

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

AMOR IRRESTRITO DE DEUS


A IDÉIA CRISTÃ DA GRAÇA

A idéia mais radical de são Paulo contribuiu para que o cristianismo se revelasse inspirador e problemático. São Paulo foi tanto louvado quanto execrado por criar ou corromper o cristianismo. Não há dúvida de que ele ampliou os ensinamentos de Cristo talvez de uma forma não prevista por Jesus. Uma das melhores idéias de são Paulo é a idéia da graça.
A graça significa que Deus concede favores a pessoas – recompensas neste mundo e a salvação no outro – independentemente do merecimento de quem os recebe. “pela graça foste salvos”, escreveu são Paulo aos efésios e não por mérito próprio, asseverava ele constantemente.
Realmente, na forma mais extremada da doutrina,, que Paulo parece ter preconizado ocasionalmente e que a Igreja sempre sustentou, os receptores não tem mérito algum: são filhos do pecado original e qualquer bem que possam praticar é efeito da graça divina. “Não há nenhuma diferença, escreveu Paulo aos romanos. “todos são pecadores e carentes da glória de Deus e todos são remidos pelo irrestrito dom de sua graça”
Essa é evidentemente uma idéia libertadora e atraente. Ninguém pode danar a si mesmo pelo pecado. Ninguém é irredimível, se Deus assim quiser. O valor da maneira como se vive não e medido segundo a conformidade exterior com as regras e os ritos, mas sim pela profundidade da reação individual à graça. No entanto, essa idéia pode ser levada longe demais. São Paulo insistia em afirmar que Deus escolheu quem receberia a graça “antes que o mundo existisse”- uma escolha prematura da parte de Deus, que torna o mundo aparentemente sem sentido. Alguns heréticos tomaram essa idéia como uma licença para fazer aquilo de que gostavam: em estado de graça, seus crimes não eram pecado, mas sim atos “sagrados e inocentes”. Alguns colegas de apostolado de Paulo desaprovaram sua doutrina, que parece eximir os cristão de praticar o bem. Tiago veiculou o que os modernos exegetas acabariam chamando de “esclarecimentos”, insistindo que “amar o próximo como a sim mesmo era uma regra iniludível e que a” fé sem as obras é vã”. Começou então uma longa controvérsia entre os que consideravam a graça uma ventura colaborativa, em eu o indivíduo desempenha um papel ativo, e aqueles que acham que reconhecer qualquer iniciativa da parte do pecador menospreza a onipotência e o amor de Deus. Durante a reforma, o segundo grupo formou uma dissidência da igreja católica, citando são Paulo em apoio a sua visão das coisas, e fundou o protestantismo.

“O livre-arbítrio do homem serve apenas para levá-lo ao pecado, se o caminho da verdade lhe for oculto.” Santo Agostinho, Confissões (c.400 d.c)

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

ACRÓSTICO

Prefeito amigo, amigo perfeito
Amante fiel no espanto das dores
Um forte Quixote de livres conceitos
Lutando sem medo entre opositores
Ostentando nas lutas, seu modo, seu jeito

Curando dos males, sarando feridas
Ensinando pessoas ser mais que pessoas
Sem palavras levando a gente pra vida
Apenas com atos que parecem atoa
Refletem porém toda a graça esquecida

Ninguém mais que você que salva criancinhas
Esqueceu de si próprio e plantou tanto amor
Merece um poema em singelas linhas
Escrito por mãos de um admirador.

(Agradeço ao Sr. Álvaro de Paula que me presenteou com esse lindo Acróstico.)

Pensamentos

" O apetite do ser humano não se contenta em nenhum limite;
deseja sempre ultrapassar o ponto em que se encontra"

Giovanni Boccacio

" Até no trabalho mais mecânico e alienado há sempre um componente reflexivo, assim como todo ser humano tem uma cultura e forma uma concepção de mundo no interior do seu ambiente social"
Antonio Gramsci

" Há livros de que apenas é preciso provar, outros que têm de se devorar,outros, enfim, mas são poucos, que se tornam indispensáveis, por assim dizer,mastigar e digerir"
Francis Bacon

(Frases extraídas da revista Filosofia/Ano V/nº51 - pag.66)