sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Breve vida, como só ela sabe ser
Teu coração jorra poeira;
(sarcasticamente, parecem chorar por você.)
Tens na boca sabor de solidão.
Tal qual um filme antigo
vives em pequenos espaços
de cenas mudas, quadros silenciosos
de uma vida que não escolheras
Nada mais te espantas que o ranger de relógios
que trabalham contra todas as tuas vontades
as engrenagens esmagam teus sonhos
espalham poeira, a tua poeira, no chão.
E tua vida passa, porque assim o é.
Liberto das crendices de outrora,
sabes que o divino encanto é irreal.
Aceita a morte como única condição da consciência
E dormes deixando saudades em quem te ama.
(Texto de Guilherme Maffa Feitoza extraído da Revista Cult/nº148 - Julho de 2010 - Ano 13 - Oficina Literária voltada para a publicação de inéditos/página 66)
Clarissa brinca de ser criança...
Clarissa dança tanto que, se pudesse, terminava a vida sem terminar
Clarissa transpira tanta paixão, tanta ternura que faz a vida ter sentido
só pra ver Clarissa uma única vez...
Mas, Clarissa brinca de ser criança...
criança manhosa e perfídia.
Nos passos de uma valsa, Clarissa envolve, amarra, encanta...Não abre mão de
ser Clarissa. E desperta paixões impossíveis, criança perfídia...
Quando olhares Clarissa a dançar, tenhas certeza de que não há nada mais belo.
Nem mais cruel. Porque Clarissa envolve, amarra, encanta...
E deixa-te só, numa paixão efêmera de infância.
(Texto de Guilherme Maffa Feitoza extraído da Revista Cult/nº148 - Julho de 2010 - Ano 13 - Oficina Literária voltada para a publicação de inéditos/página 66)
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Deus, ajudai-me a dizer a verdade para o forte e a esquivar-me de contar mentiras para ganhar o aplauso do fraco. Se me derdes fortuna, não me tireis a razão. Se me derdes sucesso, não me tireis a humildade. Se me derdes humildade, não me tireis a dignidade. Deus, ajudai-me a ver o outro lado da moeda. Não me deixeis acusar outros de traição só porque não pensam como eu. Deus, ensinai-me amar as pessoas como amo a mim mesmo e a julgar a mim mesmo como julgo os outros. Por Favor, não me deixeis ser orgulhoso se for bem-sucedido, ou cair em desespero se fracassar. Recordai-me de que o fracasso é a experiência que precede o triunfo. Ensinai-me que perdoar é o mais importante no forte e que vingança é o sinal mais primitivo do fraco. Se me tirardes meu sucesso, deixai-me manter minha força para conseguir sucesso a partir do fracasso. Se eu falhar com as pessoas, dai-me coragem para me desculpar, e se as pessoas falharem comigo, dai-me coragem para perdoá-las. Deus, se eu me esquecer de vós, por favor, não vos esqueçais de mim.
(Texto de Mahatma Gandhi - extraído do livro EU de Martin, Ricky - Editora Planeta do Brasil/2010)
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Você acaba de passar por uma separação (do ator Edson Celulari) e ficou na mira das fofocas. Ainda fica aflita quando vê coisas sobre a vida pessoal?
Ah, sempre dá aflição, principalmente porque quase tudo é mentira. Mas não sou escrava do que dizem ao meu respeito, ainda mais neste momento, em que cada hora me arranjam um namorado. Até o final da novela, já me botaram namorando o elenco inteiro! É chato... Mas até que nos trataram com respeito durante a separação. Nos pouparam e a gente soube conduzir. Acho que as pessoas entenderam que não é toda separação que precisa ter barraco, confusão, sangue.
Fiquei pensando que é muito doido você se separar e ter de soltar um comunicado oficial sobre isso.
A gente pensou que o comunicado nos traria o benefício da não-especulação. É mais doido ainda você ficar explicando como é que está tão bem. Mas eu é que não vou ficar contando o que acontece quando eu chego em casa. O luto é meu. Toda transformação dói, mas a vida tem de andar.
Trechos da Entrevista de Cláudia Raia, publicada no jornal o Estado de São Paulo, do dia 10 a 16 de outubro de 2010, capa/tv.
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Com os rebentos bem-criados, aos 50 anos, ela juntou o pouco que tinha e rumou para Londres com a intenção de estudar inglês. Para quem vivia em função da família, a decisão de virar a mesa foi um ato de heroísmo. Além da enxurrada de críticas, a cidade onde morava (e mora atualmente), Araras, interior de São Paulo, ficou em polvorosa. Ignez foi excluída da sociedade, da família e ainda foi tachada de louca.
Ela, porém, não se intimidou e se mandou para a Europa com uma mochila nas costas, sem saber uma palavra em inglês. Com coragem e determinação, matriculou-se em uma escola e passou a se manter com bicos. Fez de tudo: de babá a faxineira. Com o que ganhava, viajou por vários países, sempre sozinha. Tirou certificado de proficiência em inglês pela conceituada Universidade de Cambridge.
Após quase 10 anos na estrada, Ignez volta ao Brasil e até hoje se sustenta dando aulas particulares do idioma. É essa história - inspiradora - que ela conta em seu livro.
Parte do artigo "Lição de vida", publicado no jornal O Estado de São Paulo, em 10 de outubro de 2010.
http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,licao-de-vida,622335...
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Cada vez mais a publicidade se volta às crianças, que ainda não têm condições de atribuir valor às coisas .
Surgem, assim, crianças "adultizadas" e, anos depois, adultos "infantilizados"."
Quando você pula uma etapa da vida, essa etapa volta, em algum outro momento", afirma Rosely Sayão, psicóloga e colunista da Folha.
O acesso indiscriminado a conteúdo adulto na TV, internet, nos jogos eletrônicos e o consumo são alguns dos principais responsáveis por esse processo. Se é impossível -e até indesejável- barrar completamente o acesso à mídia e às novas tecnologias, o ideal é que haja um acompanhamento e controle dos pais, dizem especialistas.
Para ela, negociar o uso dos meios de comunicação e jogos eletrônicos, em vez de simplesmente proibir, tem papel importante na educação, pois estabelece limites e permite que a criança reconheça a autoridade dos pais.
(Matéria Publicada na Folha de S. Paulo, Cotidiano, C3 de 10/10/2010, por Letícia de Castro)
terça-feira, 19 de outubro de 2010
A ciência comprova que redigir textos de próprio punho melhora o raciocínio, a linguagem e a memória.
Segundo estudos recentes das Universidades de Indiana e Washington, nos Estados Unidos, a atitude de Giovanna não só ajudará a melhorar sua letra como também poderá garantir a saúde de seu cérebro. Utilizando um aparelho de ressonância magnética, os pesquisadores do departamento de psicologia e neurociência da Universidade de Indiana detectaram maior atividade neural no cérebro de crianças que haviam praticado a escrita à mão, em comparação com aquelas que apenas observavam letras numa tela. Já as imagens de cérebros de adultos analisadas pela Universidade de Washington indicaram que os movimentos sequenciais das mãos necessários para a escrita, ativam as áreas cerebrais responsáveis pelo raciocínio, linguagem e processamento da memória.
Com a popularização dos notebooks, smartphones e tablets, era de se esperar que a escrita à mão caísse em desuso, mas o professor Antonio De Franco Neto – há 45 anos no ensino da caligrafia, ofício herdado do pai e do avô – diz não temer os avanços da tecnologia. “O computador surgiu para auxiliar a escrita, não para substituí-la”, acredita ele, que tem cerca de mil alunos matriculados no curso. “Com a maior exigência dos vestibulares e concursos, os estudantes de hoje têm procurado melhorar sua escrita”, afirma. A maioria dos alunos de sua escola é composta de jovens a partir dos 11 anos, a idade em que a letra da pessoa amadurece, segundo De Franco.
Curiosamente, os eletrônicos modernos também podem, de forma inesperada, ajudar a perpetuar a caligrafia. No mercado americano já estão disponíveis aplicativos como o “WritePad”. Ao custo de US$ 3,99, o programa transforma palavras escritas na tela, com o dedo ou caneta, em textos digitais, que podem ser usados em mensagens e e-mails. Outro aplicativo, chamado “abc PocketPhonics”, de US$ 1,99, funciona como um jogo, que estimula as crianças pequenas a desenhar letras com os dedos na tela. É a caligrafia a serviço dos novos tempos.
(Texto extraído da Revista Isto É do dia 20/10/2010, Ano 34, nº2136, pag.76)
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
(Trechos do texto de Epicuro - Etapa I- Epicuro e a Felicidade / Revista Filosofia/ Editora Escala, pag.3 filosofia, Ano V nº48)
Pegue uns pedacinhos de afeto e de ilusão;
Misture com um pouquinho de amizade;
Junte com carinho uma pontinha de paixão
E uma pitadinha de saudade.
Pegue o dom divino maternal de uma mulher
E um sorriso limpo de criança;
Junte a ingenuidade de um primeiro amor qualquer
Com o eterno brilho da esperança.
Peça emprestada a ternura de um casal
E a luz da estrada dos que amam pra valer;
Tenha sempre muito amor,
Que o amor nunca faz mal.
Pinte a vida com o arco-íris do prazer;
Sonhe, pois sonhar ainda é fundamental
E um sonho sempre pode acontecer.
( Letra da música de Toquinho, também publicada na Revista Filosofia / Editora Escala, pag.6 filosofia , Ano V nº48)
terça-feira, 10 de agosto de 2010
(Folha de São Paulo / Cotidiano C9/ Saúde do dia 08/08/2010.)
Resumo
Há três anos, o dentista Mario Sergio Limberte perdeu seu caçula, vítima dos efeitos dos antipsicóticos. Por dez anos, o pai mergulhou na prática e na teoria da doença. Devorou a literatura médica, ouviu as vozes todas da esquizofrenia. E preservou o elo com o filho. No livro 'Cadê Minha Sorte?' (Scortecci), ele mostra sua luta contra o transtorno do filho, e passa know-how. Hoje, briga para mudar o nome da doença-estigma.
MINHA HISTÓRIA
Nenhum pai imagina ter um filho com doença mental. Durante toda a vida do meu filho após o diagnóstico, estudei a esquizofrenia. Importava livros. Os livros médicos brasileiros são ótimos, mas escritos por pais, não achei.
André foi um menino sadio, alegre. O caçula. Hoje, teria 33. O outro tem 35.Teve uma infância feliz, posso dizer. Boa escola, viagens para a Disney...
Lá pelos 14 André ficou um pouquinho estranho. Não beijava mais a mãe. Quantos filhos não beijam a mãe, ainda mais na adolescência? Isso é o pior dessa doença. Vem vindo. Chega insidiosa, traiçoeira, confundindo.
MENINO BONITO
Mas André foi passando de ano. Quem sofre dessa doença não consegue concluir curso universitário. Há perdas cognitivas. Mas ele concluiu o de odontologia. E se recusou a ir na formatura.
Começou então o isolamento social. Era muito bonito, assediado pelas meninas. Passou a se fechar no quarto, não atendia mais telefone. Pensamos que era droga. Aos 16, contou à mãe que ouviu vozes. Não demos importância. Hoje, sei que ouvia.
Depois que o perdi, abrindo as gavetas dele, descobri poemas e uma história gozada, que deu nome ao meu livro: "Cadê minha sorte?"
O André sempre trabalhou no teatro das escolas. Decidiu que queria ser o melhor ator em Hollywood. Era já um delírio de grandiosidade, mas eu não percebia assim. Incentivei ele. E ele foi, então, estudar teatro e cinema em Los Angeles. Mas quando viajou, seu isolamento já estava patente.
André ficou dos 19 aos 21 nos EUA. Fui visitá-lo. À noite, vi que ele acordava muitas vezes, ia ao banheiro e ligava o chuveiro. Há um sintoma: o doente bebe muita água, compulsivamente. Eu me preocupei em não invadir. Não perguntei.Voltei preocupado. Comprei um livro sobre esquizofrenia. Fiquei estarrecido. Não contei para minha mulher. Entrei em depressão. Eu tinha vontade de morrer por covardia, para sair da briga. O antidepressivo me ajudou. Pensei: se morro, quem cuida do meu filho? Um dia, disse que não o sustentaria mais do que quatro meses lá. Ele veio. Estava magro para burro.
No dia seguinte da sua chegada fomos almoçar num restaurante. Pegou um palito da mesa e disse: "Pai, quando eu sair daqui, os garçons vão disputar esse palito, só porque toquei nele".Delírio de grandeza. Também tinha delírios de perseguição, alucinações. Dava risadinhas, eram vozes debochando.
Uma noite, foi ao nosso quarto, começou a falar que tinha vindo salvar o mundo. Minha mulher, ingenuamente, interferia. Ele dizia: "Cala essa boca". Eu anotava tudo para levar ao médico. Excitado, André andava do quarto para a sala, falava da guerra do Iraque... Até que, exausto, dormiu numa poltrona. Deitamos no chão, ao lado dele.
Voltou dia 9 de novembro, no dia 14 já foi internado compulsoriamente.Foi um dos piores dias da minha vida. Fiz uma armadilha para meu filho. Contratei ambulância, escolhi clínica. Não é fácil internar um filho. O médico disse que ele corria risco de vida. Só então contei para minha mulher. Ficamos escondidos. Vimos a ambulância chegar, ele sair com os enfermeiros. Aplicaram injeção, mas nem precisaria. Foi pacífico. Achou que era um sequestro.
Fui com meu carro atrás da ambulância. A médica da clínica fez perguntas para a gente. Falou: "Seu filho tem esquizofrenia, uma doença incurável". Ele tinha 22 anos. Sim, suspeitávamos, mas tudo tem um jeito para se falar. Aquilo mudou nossa vida. Ficou tudo muito mais triste, mas eu sabia agora com o que estava lidando. Precisa ter esclarecimento para não achar que o seu filho é um vagabundo. Passei dia e noite lendo. Conheci bem as várias hipóteses, os remédios.
Ficamos quatro dias sem poder vê-lo. Ele mandou um bilhetinho pedindo desculpa pela noite do surto. Pensou que foi internado como uma punição, como um castigo. Depois, quando permitiram visita, meu filho, grogue, disse: "Pai, você não podia fazer isso comigo. Acabou com minha vida".
Passaram-se dez anos assim: toma medicamento, melhora, piora. André nunca me perdoou pela internação. Duas vezes me disse que estraguei a vida dele. Um pai que tem um filho com essa doença não pode ter medo de ser odiado. Mesmo assim, tenho culpa.
EFEITOS COLATERAIS
A medicação antipsicótica funciona só nos sintomas positivos (delírios e alucinações). Na parte cognitiva, não. Naquilo que incapacita, nada. Estamos longe do remédio ideal. Os efeitos colaterais são horríveis. O doente passa a lutar contra a doença e contra os efeitos da medicação, que vão de constipação intestinal a impotência sexual.
Os médicos não dão importância a essas comorbidades. Como a doença é a pior coisa que existe, psiquiatras focam nela, não no doente. O psiquiatra não toma a pressão, não pede exames, quando é sabido que cardiopatias são a segunda causa de morte dos doentes. A primeira é suicídio. Fala-se muito nos livros médicos que os remédios dão condições de se ter uma vida razoavelmente boa. Mentira. A maioria dos doentes não se casa, é solitária.
André tinha namoradas no começo. Depois, não saía mais com meninas. Perguntei para o médico sobre a parte sexual, pedindo para ele ser ético, dizer só o que eu precisasse saber para ajudar. E o médico me disse que meu filho tinha retardamento do orgasmo, mas isso não era nada. Se o André falasse sobre isso mais uma vez, poderia receitar Viagra. Falou como se fosse uma gripe.
Outro efeito é a obesidade.
O NOME DA DOENÇA
Não contei ao André o nome da doença. Segundo alguns autores, se o doente sabe, fica melhor para enfrentar. Outros dizem que essa informação leva mais rápido ao suicídio, se o doente é culto e tem noção das limitações.
O médico explicou o distúrbio químico no cérebro dele, o excesso de dopamina. O problema é o nome da doença. Se falo que meu filho tem esquizofrenia, a tradução é "louco". Não é só semântica. Precisa mudar. Ninguém na família ficou sabendo da doença do André, muitos amigos também ficaram sabendo só no velório. Por que escondi? Porque se contasse todo mundo ia se afastar, o isolamento seria ainda pior.
Na fase em que ainda não tinha palpitações por causa do remédio, o André até foi em baladas, se divertiu. Aos poucos, veio o sintoma da pobreza de palavras. Falava pouco. Depois, catatonia. Ficava na poltrona, em posição fetal, imóvel. Ele tinha alucinações visuais. Cismava com cores. Uma vez disse que estava vendo tudo cor-de-rosa. Sinal de que a dose não era mais suficiente. Aí aumenta a dose, e o que acontece? Depressão e culpa. "Pai, eu não venço na vida, faço os testes e não me aceitam", ele me dizia. Eu falava que vida de artista era difícil mesmo, precisava paciência. Meu filho passou várias fases de depressão e melhora.
DIA SOLITÁRIO
O dia da sua morte foi um domingo como outros. Dias antes, se queixou de taquicardia, mas tinha muitas palpitações sempre. Almocei com ele no clube, deixei em casa e fui visitar minha mãe. Domingo é um dia solitário para todo mundo. Para ele, mais. Depois, sempre pegava ele para tomar cafezinho no shopping.
Eu que o encontrei. Achei que dormia. Sacudi, gritei. Estranho ter nas mãos seu filho morto. Que sensação. Muitos doentes morrem do coração. Muitos se suicidam. Vivem menos que a maioria. Não escrevi o livro por revolta. Não estou ligado a nada. Quis contar a história, talvez ajude outros pais."
quinta-feira, 29 de julho de 2010
“A princípio respondia que escrevia para que as pessoas me quisessem bem. Logo esta resposta me pareceu insuficiente e decidi que escrevia porque não me agradava a idéia de ter que morrer. Agora digo, e talvez isso seja certo, que no fundo, escrevo para compreender”.
“Minha arte consiste em tentar mostrar que não existe diferença entre o imaginário e o vivido, o vivido poderia ser imaginado, assim como o contrário”.
(Frases extraídas do jornal O Estado de São Paulo Página H6 Especial de 19/06/2010.)
Para Andreas Schleicher, diretor de Programas de Análise e Indicadores em Educação da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e responsável pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), os dados de verificações como o Enem podem sugerir alguns caminhos. Mas a resposta está mesmo na formulação de um novo modelo de educação, "menos centrado no currículo e mais no aprendiz". "Precisamos entender que a aprendizagem não é um lugar, é uma atividade. Sistemas educacionais precisam reconhecer que os indivíduos aprendem de formas diferentes", diz o físico alemão.
Como a tecnologia está transformando os antigos modelos de ensino?
Uma palavra-chave para o uso da tecnologia na educação costumava ser o aprendizado "interativo". Agora, ele precisa ser "participativo". E, embora a educação a distância seja uma peça importante da educação no futuro, o ensino permanecerá uma experiência humana. Nas gerações passadas, professores sabiam que o que eles ensinassem duraria por toda a vida do aluno. Hoje, a escola precisa preparar os estudantes para mudanças econômicas e sociais mais rápidas do que nunca, para profissões e tecnologias que não foram inventadas e problemas que ainda não sabemos se surgirão. Como podemos criar uma cultura de educação para a vida inteira e para todas as áreas da vida que atinja a todos? O dilema dos educadores é que as habilidades cognitivas rotineiras, aquelas fáceis de ensinar e de avaliar, são também as mais facilmente digitalizadas, automatizadas e terceirizadas. O sucesso em educação não é mais a reprodução de conteúdo e conhecimento, mas é a capacidade de aplicar esse conhecimento em situações inéditas.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
Receita de Torrone Italiano
Ao amigo Pazzini
Ingredientes
200 ml de mel
200 ml de água
400g de açúcar
400g de amêndoas tostadas
200g de frutas cristalizadas
6 claras de ovo
6 folhas de hóstia (vendidas em lojas de produtos católicos ou de confeitaria)
1 pitada de sal
Preparo
Bata as claras em neve com uma pitada de sal. Despeje a calda de açúcar e mel, aos poucos, sem desligar a batedeira. Bata até obter uma mistura firme, feito marshmallow. Desligue a batedeira e, com um espátula, incorpore amêndoas e frutas cristalizadas.
Forre uma assadeira com papel-manteiga e acomode sobre ela um aro de metal. Forre o fundo do aro com folhas de hóstia e despeje ali o torrone, alisando a superfície. Cubra com as folhas de hóstia restantes e pressione levemente. Leve ao freezer até congelar. Retire do aro e corte.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Matéria publicada no jornal "O Estado de S. Paulo" de 25/07/2010
Muitas escolas induzem os alunos a se preparar não para a vida, mas para comemorar a data em que saem os resultados dos exames vestibulares.
José de Souza Martins é professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e autor, entre outros livros, de A aparição do demônio na fábrica (editora 34).
terça-feira, 20 de julho de 2010
Texto enviado a mim pelo amigo Márcio
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente
do que já vivi até agora.
Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas.
As primeiras, ela chupou displicente, mas percebendo que faltavam poucas, roeu até o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram,
cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos.
Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir assuntos inúteis
sobre vias alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas,
que apesar da idade cronológica, são imaturas.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo
de secretário geral do coral.
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou "as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos".
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência,
minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana,
muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos,
não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende
a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado de Deus.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.
O essencial faz a vida valer a pena.
Basta o essencial!
(O texto acima circula pela internet, sendo a autoria atribuída a diversos autores, entre eles Rubem Alves. O verdadeiro autor é Ricardo Gondim)
segunda-feira, 19 de julho de 2010
As coisas que a literatura pode buscar
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Times Old Roman
O teu nome já não brilha
Não o digo, sob as cinzas
De janeiro muito antigos,
Mal respira, nos escombros
Desse breve apartamento,
O teu nome, quem diria,
Não é coisa que se diga,
Som de um som que
Se partira, não insista,
Já não tento, já não posso,
É simples o que te digo
E te digo sem remorso,
Calmamente, sim, repito,
Não o digo, não o digo,
Nenhuma pedra se move,
Rio seco,
Letra morta.
Poema de Eucanaã Ferraz, publicado no jornal "O Estado de S. Paulo", Ilustríssima, pág. 8 em 13/06/2010
E um curso d'água
Outra vez o velho jardim
e seus leões de pedra, dois,
como se, um defronte do outro,
valessem não a fonte, mas
o tempo, tempo que não quele
em que os vi, que não esse
agora em que os escrevo,
antes ainda do tempo-oficina
em que mãos hábeis a golpes
os esculpira, mas outros, anterior
aos reis de França e ao galho
mais alto de seus antepassados:
tempo de leões apenas;
ou, mais pretérita, uma era
anterior aos felinos, quando
tudo fosse água e aves
à luz da primeira primavera:
o tempo daquelas pedras,
apenas pedras.
Dize-me o que perguntas, dir-te-ei quem és!
E, no entanto, caro leitor. A maior e a mais arriscada pergunta que podemos fazer e que, de fato, fazemos a todo momento uns aos outros, é a que Cole Porter, produz na música In the still of the night, quando indaga: Do you Love me, as I Love you? (Você me ama tanto quanto eu te amo?). Acreditar ou não numa resposta perfeita a essa questão; ter coragem de fazê-la; viver sem uma resposta é – eu não tenho a menor dúvida – o que nos torna perfeitamente humanos.
Trecho do texto "A Coluna em Questões" de Roberto Damatta, publicado no jornal "O Estado de S. Paulo" - Carderno2, pág.D10 em 18/06/2010
Amigo Íntimo
Um amigo íntimo é um dos meus ideais, um dos meus sonhos, mas um amigo íntimo é algo que nunca terei. Nenhum temperamento se adapta ao meu; não há um caráter neste mundo que dê o mais leve indício de se aproximar do que eu sonho num amigo íntimo.
terça-feira, 8 de junho de 2010
O futebol que eu e Pelé jogamos já não existe mais!
É verdade que ele é questionado. Quando o mundo pensa sobre o futebol brasileiro, a imagem ainda que se tem é de Pelé, Rivellino e uma seleção fantástica. Mas vamos ser honestos de uma vez por todas e deixar as coisas bem claras. O futebol que eu e Pelé jogávamos já não existe mais. Não podemos ter mais ilusões. O que nós jogávamos existe apenas no passado. Não é bom ou ruim. É apenas a realidade. Aquele futebol brasileiro que ainda falamos e a forma, por exemplo, em que eu atuava é o futebol de 40 anos atrás e acabou.
Qual é a diferença entre o futebol que o senhor jogava e o que Lúcio, Cannavaro ou Pirto jogam hoje?
Há 40 anos, quando entrávamos em campo, apenas pensávamos em uma coisa. Como levar a bola até a linha do gol adversário pela forma mais curta possível. Essa era, a essência, a tática. Portanto, tínhamos muita liberdade e o talento de cada jogador aparecida como a principal arma de um time. Hoje, a tática ganho. A bola passa de pé e pé várias vezes e de um lado para o outro para que se avance. E o que eu tenho percebido é que todos jogam assim. Essa Copa será marcada pela falta de uma surpresa no sentido tático. O futebol se globalizou e, com isso, observamos uma harmonização da maneira de atuar das seleções Essa será uma Copa em que todos atuarão com a tática predominando. Talvez seja a primeira em que teremos todas as 32 seleções agindo de forma quase igual.
epitáfio escrito por Carlos Heitor Cony para “ Mila”, o seu animal de estimação
Foram 13 anos de chamego e encanto. Dormimos muitas noites juntos, a patinha dela em cima do meu ombro. Tinha medo de vento. O que fazer contra o vento?
Amá-la – foi a resposta e também acredito que ela entendeu isso. Formamos, ela e eu, uma dupla dinâmica contra as ciladas que se armam. E também contra aqueles que não aceitam os que se amam. Quando meu pai morreu ela se chegou, solidária, encostou sua cabeça em meus joelhos, não exigiu a minha festa, não queria disputar espaço, ser maior do que a minha tristeza.
Tendo-a ao meu lado, eu perdi o medo do mundo e do vento. E ela teve uma ninhada de nove filhotes, escolhi uma de suas filhinhas e nossa dupla ficou mais dupla porque passamos a ser três. E passeávamos pela Lagoa, com a idade ela adquiriu “fumos fidalgos”, como o Dom Casmurro, de Machado de Assis. Era uma lady, uma rainha de Sabá numa liteira inundada de sol e transportada por súditos imaginários.
No sábado, olhando-me nos olhos, co seus olhinhos cor de mel, bonita como nunca, mais que amada de todas, deixou que eu a beijasse chorando. Talvez ela tenha compreendido. Bem maios do que minha mão, bem maior do que o meu peito, levei-a até o fim.
Eu me considerava um profissional decente. Até semana passada, houvesse o que houvesse, procurava cumprir o dever dentro de minhas limitações. Não foi possível chegar ao gabinete onde, quietinha, deitada a meus pés, esperava que eu acabasse a crônica para ficar com ela.
Lya Luft fala sobre seu novo livro
Múltipla Escolha – Lya Luft
Livraria: Você cita que algumas mulheres parecem sem idade e que todos estão imobilizados. Não reconhece mais o tempo em quê?
Luft: Em um tempo em que podemos viver com mais qualidade de vida, contraditórios como somos, vivemos a obsessão da eterna juventude. Encaramos a passagem do tempo como deterioração, não como crescimento e expansão, pois temos diante de nós o físico, não mental, emocional, espiritual e cultural. Nessa visão pobre, queremos estacionar no tempo, sem ver que isso é estagnar internamente. Preferimos a expansão à mutilação.
Livraria: A múltipla escolha não é mais utilizada no dia a dia por conforto ou por medo da realidade?
Luft: Preferimos não ter de escolher. Para escolher, teríamos de discernir. Para discernir, teríamos de pensar. Então seguimos a manada, infantilizados e superficiais. Talvez sem maiores angústias, mas certamente sem maiores prazeres, conquistas, êxtases e alegrias.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Bem vinda...
DRAUZIO VARELLA
MINHA NETA acabou de nascer.
Não é a primeira, tive outra há cinco anos; uma menina de bons modos e olhar atento que encanta a família inteira.
Curiosa a experiência de ser avô, perceber que a espiral da vida dá uma volta completa; a primeira que independe de nossa participação.
Sim, porque até o nascimento de um neto os acontecimentos biológicos de alguma forma dependeram de ações praticadas por nós: nossos filhos só existem porque os concebemos, os fatos que constituíram a história de nossas vidas apenas ocorreram porque estávamos por perto; mesmo nossos pais só se transformaram em figuras carregadas de significado porque nos deram à luz.
Os netos, em oposição, vêm ao mundo como consequência de decisões alheias, nasceriam igualmente se já nos tivéssemos ido.
A ideia de nos tornarmos seres biologicamente descartáveis é incômoda, porque nos confronta com a transitoriedade da existência humana: viemos do nada e ao pó retornaremos, como rezam os ensinamentos antigos.
Por outro lado, liberta do compromisso de transmitirmos às gerações futuras os genes que herdamos das que nos precederam, força da natureza que reduz a essência da vida na Terra (e em qualquer planeta no qual ela porventura exista ou venha a existir) ao eterno crescei, competi e multiplicai-vos, como ensinaram Alfred Wallace e Charles Darwin.
A sensação de que nos livramos dessa incumbência biológica, entretanto, não nos torna imunes ao ensejo de proteger os filhos de nossos filhos como se fossem extensões de nós mesmos.
Somos impelidos a fazê-lo não por senso de responsabilidade familiar ou por normas de procedimento ditadas por imposições sociais, mas por ímpetos instintivos irresistíveis.
Os biólogos evolucionistas afirmam que a seleção natural privilegiou nas crianças uma estratégia de sobrevivência imbatível: a beleza.
Fossem feias e repugnantes, não aguentaríamos o trabalho que nos dão, porque cavalos e bezerros ensaiam os primeiros passos ao ser expulsos do útero materno, enquanto filhotes de primatas como nós são dependentes de cuidados intensivos por anos a fio.
Dizem eles, também, que o amor dos avós conferiu maior chance de sobrevivência aos bebês que tiveram a sorte de contar com ele, razão pela qual esse sentimento teria persistido em nossa espécie. Pelo mesmo motivo, explicam as vantagens evolutivas conferidas pela menopausa, fase em que a mulher já infértil reúne experiência e disponibilidade para ajudar os filhos a cuidar da prole.
Sejam quais forem as raízes biológicas, o fato é que caímos de quatro diante dos netos.
Por mais voluntariosos, mal-educados, egoístas, temperamentais e pouco criativos que os outros os julguem, para nós serão lindos, espertos, de boa índole e, sobretudo, inteligentes como nenhuma outra criança.
Anos atrás, surpreendi um amigo ao telefone perguntando para o neto como fazia o boizinho do sítio em que o menino de dois anos se encontrava.
A cada "buuuu" que ouvia, meu amigo ria de perder o fôlego.
Diante do riso exagerado, perguntei como reagiria quando a criança relinchasse.
Você verá quando for avô, respondeu.
Tinha razão.
Os netos surgem em nossas vidas quando estamos mais maduros, menos preocupados em nos afirmar, mais seletivos afetivamente, desinteressados de pessoas que não demonstram interesse por nós, libertos da ditadura que o sexo nos impõe na adolescência e cientes de que não dispomos mais de uma vida inteira para corrigir erros cometidos, ilusão causadora de tantos desencontros no passado.
A aceitação de que não temos diante de nós todo o tempo do mundo cria o desejo de nos concentrarmos no essencial, em busca do máximo de felicidade que pudermos obter no futuro imediato. A inquietude da inexperiência e os desmandos causados por ela dão lugar à busca da serenidade.
Fase inigualável da vida, quando abandonamos compromissos sociais para brincar feito crianças com os netos, sem nos acharmos ridículos.
Ajoelhar para que montem em nossas costas, virar monstros, onças ou dinossauros em obediência ao que lhes dita a imaginação aventureira, preparar-lhes o jantar que não comerão, assistir aos desenhos animados da TV, ler histórias na cama quando estão entregues, beijar-lhes o rosto macio, sentir-lhes o cheiro do cabelo e a respiração profunda ao cair no sono.
sábado, 9 de janeiro de 2010
Simplicidade e sensibilidade!!!
e o que é o céu...
Se pudesse ouvir o cântico dos anjos
e me ver entre eles...
Se pudesse ver se desenvolver diante
de seus olhos os horizontes, os campos
e os novos caminhos que atravesso...
Se, por um instante apenas, você pudesse
contemplar como eu a beleza diante da qual as belezas empalidecem...
Como!... Você me viu, amou-me no país das
sombras e não se conforma de me ver e me amar
no país das realidades imutáveis?
Acredite em mim. Quando a morte
vier romper seus próprios laços
como quebrou aqueles que me acorrentavam,
quando chegar o dia que Deus fixou
e conhece, e sua lama vier a este céu
em que minh´alma antes chegou...
nesse dia você voltará a me ver.
Sentirá que eu o amei
e que continuo amando você
e encontrará meu coração
com todas suas ternuras purificadas.
Você voltará e me verá em transfiguração,
em êxtase feliz.
Já não esperando a morte,
mas avançando com você,
eu o levarei segurando suas mãos
pelos caminhos novos da luz e da vida.
Se você me ama,
enxugue seu pranto e não chore."
Santo Agostinho, Se você perdeu alguém que amava, pags 36 e 37, V&R Editoras
Um novo ano... de muita esperança e muitas postagens!
Por conta dos compromissos de final de ano fiquei um tanto quanto ausente, mas tenho muita coisa para dividir com vocês. Espero á partir de hoje compartilhar mais postagens aqui no meu blog.
Aproveito para desejar a todos um próspero 2010, repleto de alegrias e realizações!
Abraço fraterno
Dr. Paulo Neme