Outra vez o velho jardim
e seus leões de pedra, dois,
como se, um defronte do outro,
valessem não a fonte, mas
o tempo, tempo que não quele
em que os vi, que não esse
agora em que os escrevo,
antes ainda do tempo-oficina
em que mãos hábeis a golpes
os esculpira, mas outros, anterior
aos reis de França e ao galho
mais alto de seus antepassados:
tempo de leões apenas;
ou, mais pretérita, uma era
anterior aos felinos, quando
tudo fosse água e aves
à luz da primeira primavera:
o tempo daquelas pedras,
apenas pedras.
Poema de Eucanaã Ferraz, publicado no jornal "O Estado de S. Paulo", Ilustríssima, pág. 8 em 13/06/2010
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