terça-feira, 8 de junho de 2010

O futebol que eu e Pelé jogamos já não existe mais!


Trecho da entrevista com Ex-capitão da seleção alemã - Franz Beckenbauer publicada no jornal "O Estado de S. Paulo" de 06/06/2010


Dunga é criticado exatamente por ter criado uma seleção à sua imagem. Qual a percepção do senhor sobre a forma de atuar do Brasil?
É verdade que ele é questionado. Quando o mundo pensa sobre o futebol brasileiro, a imagem ainda que se tem é de Pelé, Rivellino e uma seleção fantástica. Mas vamos ser honestos de uma vez por todas e deixar as coisas bem claras. O futebol que eu e Pelé jogávamos já não existe mais. Não podemos ter mais ilusões. O que nós jogávamos existe apenas no passado. Não é bom ou ruim. É apenas a realidade. Aquele futebol brasileiro que ainda falamos e a forma, por exemplo, em que eu atuava é o futebol de 40 anos atrás e acabou.

Qual é a diferença entre o futebol que o senhor jogava e o que Lúcio, Cannavaro ou Pirto jogam hoje?
Há 40 anos, quando entrávamos em campo, apenas pensávamos em uma coisa. Como levar a bola até a linha do gol adversário pela forma mais curta possível. Essa era, a essência, a tática. Portanto, tínhamos muita liberdade e o talento de cada jogador aparecida como a principal arma de um time. Hoje, a tática ganho. A bola passa de pé e pé várias vezes e de um lado para o outro para que se avance. E o que eu tenho percebido é que todos jogam assim. Essa Copa será marcada pela falta de uma surpresa no sentido tático. O futebol se globalizou e, com isso, observamos uma harmonização da maneira de atuar das seleções Essa será uma Copa em que todos atuarão com a tática predominando. Talvez seja a primeira em que teremos todas as 32 seleções agindo de forma quase igual.

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